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REPETECO - REVIEW DO QUADRINHO


     Quase dois anos após seu lançamento nos Estados Unidos pela Ballantine Books, finalmente temos aqui no Brasil a versão brasileira do "seconds" de Bryan lee O'Malley, o criador daquele sucesso estrondoso chamado de Scott Pilgrim. Aqui no Brasil ele ganhou o nome de "Repeteco" e também está pelo mesmo selo do Scott Pilgrim da Companhia das letras (Quadrinhos na Cia).
      A HQ segue um pouco a mesma linha que O'Malley utilizou em Scott Pilgrim, porém com bem menos referências a cultura pop e nerd, porém com uma história tão viajada e divertida quanto Scott Pilgrim e até digamos com uma história um pouco mais ousada.
       Antes de entrarmos em mais detalhes da edição Brasileira da "Seconds" vamos dar uma conferida no material.


      A Quadrinhos na Cia Caprichou nessa edição! Comparada ao Scott Pilgrim, Repeteco está 100% melhor e bem trabalhada. Apesar de novamente dizer que não sou fã de quadrinhos publicados em formatos de livros, não tem como negar que essa edição de Repeteco ficou bem estilosa e caprichada, não ficou tão caprichada como outros títulos deles como "Bob Cuspe" de Angeli ou "Nova York" de Will Eisner, porém não perde em nada em qualidade para outros títulos como "Maus"  de Art Spigelman e  "Persépolis" de Marjane Satrapi.
     

    Umas das coisas  que mais me agradou nele foi o seu tamanho e seu formato um pouco mais quadrado, como pode ser visto na imagem acima. Comparado ao Scott Pilgrim, Repeteco tem uns dois/três dedos de diferença de tamanho tanto para cima quanto para os lados que o Scott Pilgrim (vai depender dos seus dedos). 
      Pessoalmente falando esse formato me agradou bastante e combinou bastante, toda vez que olho para o formato dele e o número de páginas que ele tem me lembra títulos como "It a coisa" ou até mesmo aquela coleção de 1001 antes de morrer e esse formato de livro me agrada bastante, mesmo se tratando de um quadrinho. 


      O papel adotado não é aquele geralmente adotado em encadernados, mas sim aquele mesmo papel branco que muitas pessoas não gostam. Porém, ele não tira em nada o brilho da edição e até ouso dizer que ele combina muito mais com o formato dele que tem mais cara de livro do que combinaria se ele viesse naquele mesmo papel de quadrinhos encadernados, fora que também  tem o fator do número de páginas (que são 336 páginas). Publicá-lo em um papel que utilizados em encadernados de quadrinhos iria encarecer muito o material, tornando algo um tanto inviável tanto para editora quanto para os consumidores. Eu mesmo não conseguiria imaginar ele com aquele tipo de papel, simplesmente não combinaria com o estilo do quadrinho e da edição em si.
     A tradução do nome também é algo que preciso comentar. Adaptar "Seconds" (que é o nome do título e do restaurante em Inglês) para "Repeteco" também foi uma ótima sacada do tradutor Érico Assis (ele também traduziu Scott Pilgrim). Antes de ler admito que estranhei um pouco a tradução do nome para algo que não tinha nada a ver com o título original, mas quando entendi o motivo, durante a leitura, percebi que foi uma ótima escolha para adaptação do título em Português, pois, ele cai muito bem com o conteúdo da história.
     Por fim tenho que dizer que finalmente o Bryan Lee O'Malley tomou vergonha na cara e contratou um colorista para Repeteco, o que deixou o quadrinho muito mais bonito  e apresentável, deixando ele como uma cara de desenho animado, o que eu curti muito. Sem contar que foi uma bola dentro, já, que, na minha opinião foi um erro O'Malley ter feito Scott Pilgrim todo em preto e branco, pois apesar do seu estilo puxado para o mangá, simplesmente não ficava legal em preto e branco, e, isso ficava ainda mais evidente quando tínhamos edições onde as primeiras páginas eram coloridas nas versões em inglês. Ver aquilo só me deixava chateado e ainda mais certo de que o Scott Pilgrim deveria ter sido lançado todo colorido.  E o que reforça ainda mais o que digo sobre esse assunto foi que depois de um tempo o próprio O'Malley voltou atrás, e relançou as edições do Scott Pilgrim em uma versão toda colorida, que, diga-se de passagem ficou uma lindeza sem tamanho.



    Repeteco conta a história de Katie Clay, uma Chef de cozinha de um restaurante chamado Repeteco. Assim como todas as pessoas normais, Katie tem problemas pessoais em sua que a chateiam, como o fato dela não se sentir mais a vontade com seu trabalho de chef no Repeteco e querer montar seu próprio restaurante, porém sempre acontecem coisas que a impedem de concretizar esse sonho, como falta de dinheiro para arcar as despesas, ter escolhido um péssimo lugar para fazer uma reforma e transformar em seu novo restaurante (ele estava mais acabado do que ela imaginava). Fora isso, ela tem problemas com seu ex-namorado, Max, pois, apesar deles terem terminado há muitos anos atrás, ela ainda sente uma atração por Max e ela sabe que ele também sente o mesmo por ela, mas ambos não sabem como se expressarem e acabam sempre entrando em atrito quando estão juntos, fazendo com que ao invés de Katie se abrir com Max, ela acabe caindo nos braços do aprendiz de cozinha Andrew como se fosse sua válvula de escape, para fugir de tentar um novo relacionamento com Max.
      Por causa de uma distração de Katie com Andrew na cozinha, uma de suas funcionárias, Hazel, acaba se machucando com óleo quente, queimando suas duas mãos. Por causa dessa distração, Katie começa a se culpar por ter sido indiretamente responsável pelo acidente na cozinha. 
Ainda se sentindo culpada em casa, enquanto  mexia na gaveta da sua cômoda, Katie encontra uma caderneta intitulada de "meus erros" com as seguintes informações dentro: Anotar o que você fez de errado, comer um cogumelo que estava junto com a caderneta, dormir e acordar renovada. Apesar de não colocar muita fé, Katie acaba escrevendo no caderno que ela não devia ter ficado com Andrew no horário de trabalho  e come o cogumelo e vai dormir. E, ao fazer isso é ai que a história mostra seu rumo.
       Toda a vez que Katie faz isso ela altera o passado, ou seja, a partir do momento que ela escreveu que não deveria ter ficado com Andrew no horário de trabalho, nenhum deles acabou se distraindo e sua funcionária Hazel não se machucou. Tudo o que tinha acontecido na noite anterior acabou tomando outro rumo graças a esse cogumelo mágico.
       A história tem aquela premissa de efeito borboleta, onde Katie tem a possibilidade voltar atrás e consertar seus erros do passado, mas, ao fazer isso ela apenas bagunça ainda mais o presente onde ela vive, com um diferencial da história inteira girar em torno do restaurante onde ela trabalha e mora, e, também pelo fato de Katie só conseguir mudar as coisas que aconteceram dentro do restaurante Repeteco, ou seja, ela não pode mudar exatamente tudo que aconteceu na sua vida, apenas coisas que ocorrem dentro do Repeteco.


     Com Katie acabando com todo o presente, uma personagem misteriosa que aparece desde o começo do quadrinho aparece para tentar impedir Katie de continuar mudando o passado. Chamada de Lis, que é o espirito do lar de Katie (no caso o Repeteco), que vive dentro da cômoda onde ela achou o cogumelo mágico e a caderneta que sempre tenta avisá-la que o que ela está fazendo é errado e que ela precisa parar, mas é óbvio que Katie não ouve continua fazendo suas retificações no tempo, algumas que fazem sentido para ela, como voltar para o seu antigo namorado Max, escolher outro local para montar seu restaurante novo e outra que quando você vê simplesmente para e pensa, "que idiotice foi essa?". Se você tivesse catorze chances mudar algo que você fez no passado, você gastaria uma dessas oportunidades para impedir você mesmo de não ficar acordado até tarde vendo série, sendo que a única coisa que isso te afetou foi que você ficou com sono do dia inteiro?
      Repeteco é um quadrinho bem no estilo filme Sessão da Tarde, pois tanto em um filme da Sessão da Tarde quanto em Repeteco você já sabe como a história funciona e como ela vai acabar, mas, mesmo assim você quer ver até o final, fica satisfeito com a história e ainda de quebra você se diverte bastante.
      O estilo de Bryan Lee O'Malley, na minha opinião, está ainda mais bonito do que no Scott Pilgrim por algumas sutis mudança de arte, como a mudança dos olhos para um estilo muito mais parecido com mangá. Os rostos dos personagens também estão com mudanças sutis que fizeram uma boa diferença. O'Malley também parou de fazer aqueles quadros mais "desleixados", com traços todos cagados e tortos ou com muita falta de detalhes nos personagens e cenários, que pareciam ter sidos desenhados de qualquer jeito apenas para preencher aquele quadro especifico. Claro, que esses "desleixos" acontecem em Repeteco, mas é uma frequência muito menor que acontecia em Scott Pilgrim. E, novamente citando...por ele ser colorido!



      Repeteco é um quadrinho bem legal, apesar de ser uma história manjada e bastante explorada, não deixa de ser uma boa história para se divertir. Katie e seus amigos são ótimos personagens com conflitos próprios e personalidades muito bem trabalhadas. Simplesmente não tem como não gostar da Katie e até mesmo se identificar com seus problemas pessoais. Em suma, Repeteco passa aquela típica mensagem de que tudo vai acontecer no seu devido tempo e se algo não aconteceu é porque não era para acontecer naquele momento especifico da sua vida. 
     Ele pode até não estar no mesmo nível de Scott Pilgrim no quesito história (até creio que Scott Pilgrim será aquela obra, que vai ficar preso ao O'Malley pelo resto da sua vida como seu melhor quadrinho, independentemente, do que ele faça), mas certamente não deixa em nada a desejar.
     No quesito de quadrinhos lançados em Outubro certamente ele é um dos melhores. Muito melhor que muito lançamento da Marvel e DC. Vale muito a pena dar uma conferida no quadrinho.

     Por fim queria deixar alguns Easter Eggs do Scott Pilgrim que o O'Malley espalhou no Repeteco:


Stephen Stills e Joseph.



Lisa Miller.



Knives Chau.



Bolsa da Ramona Flowers.


Scott Pilgrim e Ramona Flowers.



E, terminando com chave de ouro, a minha referência favorita... PÃO ENGORDA?


2 comentários:

Victor Nunez disse...

Bacana o review. Parece mesmo um calhamaço, um tradepaperback gordo e generoso para se ler durante dias.
Eu já li um pouco de Scott Pilgrim, na Saraiva.

EUDES AILSON DE MEDEIROS disse...

Gostei bastante do review. Confesso que não li Scott Pilgrim, mas pelo que li aqui, parece ser uma boa pedida.

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