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TEMOS QUE FALAR SOBRE THIRTEEN REASONS WHY


    Quando vemos um livro com uma temática Infanto Juvenil o que pensamos? Magos, poderes e aventuras fantásticas, semideuses que curtem Led Zepellin, viajantes do tempo ou simplesmente a garota que quer namorar o rapaz mais cobiçado da escola e faz de tudo para conseguir esse objetivo?
 Certamente dentre várias opções, duvido que uma delas seria sobre uma garota que passou por tantos problemas a ponto da personagem entrar em um estado de depressão tão profundo a ponto de achar que a única opção viável para ela é o suicídio.
    Creio que por fugir desta temática mais imaginária, e abordar mais a verdadeira realidade de um adolescente nos dias de hoje os "13 porquês" (thirteen reasons why) que, foi lançado em 2007, atualmente ganhou uma notoriedade tão grande, graças aos problemas relacionados a bullying, hoje em dia que chegou ao ponto de ganhar uma própria série abordando os motivos da adolescente Hannah tirar a sua própria vida.
    Infelizmente ainda não li o livro que foi escrito por Jay Asher e publicado no Brasil pela Editora Ática. Porém, eu já tenho ele na minha coleção, e irei lê-lo em breve. Por isso ficarei apenas focado na série, pois, pelo que sei existem algumas diferenças, mas como não sei quais são, é melhor não tentar falar do livro para não falar besteira.
 

    A série aborda a história de vida de Hannah Baker, uma adolescente americana normal que vai para escola, trabalha meio período no cinema e se muda para um novo bairro, fazendo com que ela tenha que mudar de escola e é nessa nova escola que seus problemas começam.
   A partir do novo recomeço em sua vida, Hannah começa a passar por problemas comuns para muitas pessoas em sua adolescência, como bullying, pessoas aproveitadoras, pessoas invejosas, problemas com os pais e dai em diante as coisas só pioram, fazendo com que Hannah aos poucos passe de um estado emocional de tristeza para depressão, até que, por fim tire a sua própria vida.        
    Antes de se suicidar ela grava em fitas os treze motivos que levaram ela a tirar a sua própria vida para que fossem entregues aos responsáveis por tê-la influenciado a fazer isso. E quando suas fitas caem nas mãos de Clay Jensen através de seu amigo Tony, ele descobre que também tem o seu nome citado em uma das gravações feitas por Hannah. Assim através de Clay, a história dos seus treze motivos para Hannah tirar a sua própria vida começam a serem revelados.
    Quando Clay Jensen começa a ouvir suas fitas, e começa a entender seu ponto de vista, ele começa a se questionar sobre o que poderia ter sido feito para evitar que Hannah cometesse suicídio, e é a partir deste momento que você também começa a se perguntar isso.
Enquanto isso ele tem que lidar com os seus próprios demônios, afinal, Clay também não é a pessoa mais querida da escola, e também tem seus próprios problemas psicológicos (tem até um certo momento que é citado que ele chegou a tomar remédios para seus problemas). E, quando ele recebe as fitas de Hannah vemos que seu mundo também começa a desabar de vez, pois enquanto ouve as fitas de Hannah, Clay não consegue simplesmente deixar de lado tudo o fizeram com ela e começa a confrontar os outros personagens que também são citados nas fitas Hannah como catalisadores para o seu suicídio, perguntando o motivo de terem feito o que fizeram com Hannah e é ai que vemos que enquanto alguns personagens entendem o que fizeram e estão chateados, alguns que sabem o que fizeram e não estão nem ai, e aqueles que não imaginaram o que fizeram seria algo tão grave a ponto de servir de catalisador para o suicídio de Hannah. E isso também nos faz pensar sobre como devemos falar ou agir com as pessoas, pois, muitas vezes algo que consideramos uma bobagem, nas cabeça de outra pessoa pode significar algo bem maior.


    Um dos motivos que eu diria que vale a pena dar uma chance para a série, certamente é sobre o assunto tratado, que é bullying, como dito anteriormente, porém ele não é o tipo "tradicional" de bullying e que aparece muito em séries adolescentes que muitos de nós conhecemos, que, consiste em xingar, bater e humilhar e alcança outros patamares bem mais sombrios, tão sombrios que você realmente chega a pensar se existe algum limite para a maldade humana. Além disso ele também aborda muitos outros temas que estão presentes no cotidiano não só dos adolescentes, mas também de muitos adultos, como alcoolismo, uso de drogas, adolescentes com acesso a armas de fogo, culpa por ter feito ou ter deixado de fazer algo, assédio sexual, invasão de privacidade e até mesmo homossexualismo na adolescência. Alguns são abordados de uma forma sútil, outros não! Eles são praticamente jogados na sua cara, para que você possa entender a real gravidade do problema.
   Ver o que acontece com Hannah Baker no decorrer dos episódios também faz com que você veja que a depressão não é simplesmente "frescura" ou "falta de Deus no coração" mas sim que ele é um problema grave em nossa sociedade atual e que a pessoa precisa de ajuda, sim! E que suicídio não é apenas uma forma de alguém querer chamar a atenção porque quer que o mundo gire ao seu redor, muito pelo contrário.
    Para quem não assistiu ou começou a assistir agora no princípio não tem como você se questionar e achar que boa parte dos motivos de Hannah se matarem podem até ser considerados "banais". Muitos vão dizer, "Ah eu já fui xingado, já apanhei e bla bla bla na escola e nunca quis me matar" ou "os jovens de hoje são muito frescos e bla bla bla" porém o que realmente precisamos fazer é entender que os jovens de hoje não são os jovens dos anos 90/80 ou 70, que vivemos uma realidade e eles hoje vivem outra completamente diferente, e, quando paramos para refletir sobre a história da Hannah Baker, podemos entender que as vezes ser xingado, excluído ou apanhar de alguém na escola não é nem de perto a pior coisa que pode acontecer na vida de um adolescente que nasceu nos anos 2000.
   A série começa mostrando isso através de algumas situações cotidianas consideradas bobas por muitos, como desfazer uma amizade, ser taxado de uma coisa que você não é por causa de brincadeiras maldosas e até mesmo a falta de atenção ou de um elogio. Para alguns é assim e, que a vida segue, mas, para certas pessoas perder um amigo porque ele perdeu o interesse de andar com você  ou por ter achado amigos melhores, ou até mesmo não receber um elogio de alguém pode ser sim o fim do mundo para alguém que se encontra no mesmo estado emocional da Hannah Baker.
    Conforme os episódios vão passando, vemos que o buraco pode e vai ficar sim ainda mais fundo, pois o bullying começa a sair do ambiente escolar e começa a invadir sua vida pessoal e a sua casa e por fim a sua intimidade.
   Ver uma série abordar isso de uma forma tão verdadeira realmente faz com que você abra os olhos e talvez até comece a enxergar as coisas por um ângulo diferente e quando digo isso, eu incluo ambos os lados da história, o agressor e o agredido.
   Um ponto bastante interessante na série que pode ser utilizado de exemplo para o que eu disse acima é que ela não mostra apenas o ponto de vista da pessoa agredida, mas também do agressor como é o caso de Justin Foley, que é um dos catalisadores da morte de Hannah. Geralmente sempre vemos o agressor como o cara errado, malvado que faz isso sem motivo nenhum, mas através da série, podemos ver o lado diferente do agressor. Já parou para pensar o que acontece na vida dele fora da escola? Já pensou como é sua relação com a sua família ou o que ele passa em casa ou que tipo de abusos ele tem que lidar fora do ambiente escolar? Já parou para pensar que ele faz o bullying que ele pratica com os outros seja apenas o reflexo do que ele sofre dentro casa? ou talvez apenas uma válvula de escape de alguém que realmente tem problemas muito maiores que outras pessoas, mas não sabe como lidar com isso? Bem, isso também é tratado durante seus treze episódios, e isso realmente te faz pensar, pois, nunca vemos o que acontece na vida do agressor, nos apenas os julgamos, mas nunca paramos para ouvi-lo, e isso é uma das sacadas mais interessantes da série.


    Também temos sua namorada uma garota chamada Jessica Davis que ao longo da série se torna viciada em bebidas alcoólicas primeiro para poder ser considerada descolada nas festas e depois para esquecer os seus problemas e através disso seu vício vai se tornando cada vez maior a ponto dela esconder no seu várias garrafas de bebidas cheias para poder simplesmente deixar de pensar em seus problemas, nas suas brigas com o seu namorado. No decorrer da série vemos como seu vício em bebidas a levou a uma das piores situações que uma mulher pode passar em toda a sua vida, que é ser abusada sexualmente por um de seus "amigos" enquanto estava bêbada.
     Outra coisa preocupante que é abordado no seriado e que acontece muito é outro tipo de depressão que também surge através do bullying, mas um tipo de depressão mais destrutiva, como é o caso de Tyler Down que constantemente sofre bullying dos atletas da escola e é rejeitado pelos outros por ser considerado enxerido, fazendo com que o seu ódio começa a se tornar destrutivo a ponto dele começar a comprar armas e munições ilegais e esconder dentro de sua casa. Para que ele vai usar isso? Certamente não vai ser para algo bom.



    Provavelmente você que não assistiu a série, e, está lendo esta postagem vai se perguntar: E onde estão os pais deles? Sim, a série também aborda sobre isso  nos relatos de Hannah. Muitos pais as vezes estão preocupados com outros problemas
como trabalho e pagar as contas ou assistir televisão que não notam algumas mudanças no comportamento de seus filhos, e em muitos casos os próprios filhos tentam não mostrar seu estado emocional para os pais, como pode ser visto com Hannah, independente do estado emocional dela, ela sempre fingia estar bem na frente deles e nunca tentou se abrir com eles, por medo ou talvez por vergonha de se abrir com seus pais, pois, afinal, que adolescente tem coragem de se abrir e contar os seus problemas para os seus pais? E os poucos que conseguem fazer isso muitas vezes acabam com respostas rasas como "isso é só uma fase" ou até "você precisa ir para a igreja" posso dizer isso por experiência própria (não que eu seja depressivo ou suicida, mas já tive meus momentos de tristeza e angústia como todo o ser humano que vive neste planeta)! Infelizmente isso também não é culpa dos pais, pois eles nasceram e foram educados de forma diferente dos adolescentes de hoje e muitas vezes não sabem como lidar com problemas que eles não tiveram na sua adolescência.
    O mesmo ocorre quando ela tenta pedir ajuda para um conselheiro na escola dizendo que estava cansada da vida queria acabar com tudo e ele trata Hannah como se ela  estivesse apenas falando besteiras de adolescente e passando por uma fase, tanto é que ele diz para ela simplesmente seguir a vida dela, acabando assim com a sua única chance de querer viver.


   Quando você chega ao final da série, e, por fim entende todo o ponto de vista de Hannah Baker não tem como você parar e refletir um pouco sobre todo os problemas apresentado no decorrer dos treze episódios e começar a pensar pelo ponto de vista dela. A série te faz ver pouco a pouco o que a falta de amigos, de atenção, de espaço ou até mesmo de privacidade e abusos pode fazer com uma pessoa.     Muitos acham que ela teve sim motivos para se matar e outros acham que não houve tantos motivos assim para ela se matar, e, esse sentimento que a série deixa quando você termina de assistir que a torna a tão genial, pois existe um debate sobre um assunto praticamente esquecido pela sociedade, mas que não deveria ser, afinal, são cerca de oitocentas mil pessoas que cometem suicídio por ano no mundo inteiro! Um número desses não pode simplesmente ser ignorado. E graças a série, agora podemos ter uma noção do quanto uma pessoa que resolve se matar pode estar sofrendo. Na minha opinião "Thirteen Reasons Why" é uma das poucas séries que realmente podem acrescentar algo na sua vida, independente de você hoje ser pai, mãe ou filho.
   Mesmo tendo  um ritmo digamos lento no início, no decorrer dos episódios, ela consegue te prender, fazendo com que você queira assistir o próximo episódio o mais rápido possível, eu sei por experiência própria, pois os primeiros episódios são bem lentos e demoram para serem desenvolvidos, mas quando ela pega o ritmo você provavelmente só vai conseguir parar de assistir quando a série acabar.


    Apesar de satisfatório, o final da série deixou muitas dúvidas em aberto episódios inclusive se tratando do destino de personagens como Alex Standall ou Tyler Down, que foi citado acima, fazendo com que muitos especulem (inclusive o autor dos livros) de que provavelmente poderá haver uma segunda temporada de Thirteen Reasons Why. Pessoalmente falando eu torço para que não haja uma segunda temporada, mesmo com as várias perguntas que a série deixou no final, pois, muito provavelmente uma segunda temporada apenas estragaria toda a mensagem que a primeira temporada passou. Posso até me enganar e queimar a minha língua futuramente, caso esses boatos de segunda temporada realmente acontecem, mas eu pessoalmente não me arriscaria em tentar uma segunda temporada nem mesmo como continuação e nem mesmo com um novo elenco, eu simplesmente a deixaria morrer em paz.
    Eu diria que vale a pena sim dar uma conferida na série, pois como eu disse anteriormente ela é uma das poucas séries que assisti até hoje que realmente tem o poder de acrescentar algo em sua vida e talvez até ajudá-lo a ver o mundo de uma forma diferente. E, como são apenas treze episódios, dá para fazer uma maratona em apenas um final de semana sem problemas. Em suma, é uma série que vale a pena a experiência!

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